Christiano Bezerra, o Grande Otelo paracatuense

Seu Christiano da Costa Bezerra é o grande homenageado do Salão de Fotografias da Casa de Cultura em 2016.

Após detalhado processo de seleção, a Fundação Casa de Cultura de Paracatu chegou ao nome da personalidade homenageada de 2016 no Hall do Salão de Fotografias da Casa. Trata-se de Christiano da Costa Bezerra, oficial de justiça, rezador, músico e famoso leiloeiro das tradicionais barraquinhas de São Benedito da Igreja do Rosário.

Nascido em Paracatu em 25 de julho de 1908, Seu Christiano era uma figura muito popular na cidade. Bondoso, simpático, engraçado, prestativo e animado, Christiano só colecionou bons adjetivos na vida.

Com sua maleta cheia de raízes e ervas medicinais, tendo o carquejo como remédio milagreiro, Christiano Bezerra andava pelas ruas levando as ordens judiciais a quem devia algo à Justiça. As plantas sempre o ajudava nessas situações.

Nesse trabalho viajou muito, enfrentou muita gente brava, mas com sua calma e uma simpatia marcante, nunca criou inimizades. “Eu nunca vi uma pessoa tão bondosa quanto o meu tio Christiano. Eu nunca ouvi ele falar mal de ninguém, fazer críticas a ninguém. Eu só ouvia ele falar bem das pessoas e estava sempre disposto a ajudar. Ele era uma pessoa ultra generosa”, conta o músico e sobrinho Didi.

Para se ter uma ideia de sua generosidade, Seu Christiano acostumava muito a ir à capital mineira. Além de visitar os irmãos que moravam lá, o grande motivo das viagens era comprar alguma coisa, principalmente remédios, para alguém que estivesse precisando. Se o sujeito tivesse dinheiro ele pagava a passagem para seu Christiano, mas se não tivesse, não tinha problema, Christiano dava um jeito e ia mesmo assim a Belo Horizonte buscar a encomenda.

Nessas andanças, Christiano conheceu várias cidades de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e também Brasília. Seu desejo era ir à Bahia, conhecer a terra dos seus antepassados, plano que não foi concretizado.

homenageado2Certa vez, em uma viagem de navio, provavelmente entre o Rio de Janeiro e Santos, Seu Christiano foi confundido com o ator Grande Otelo pelos passageiros. Com sua irreverência característica, ele encarnou a alma de artista e passou a dar autógrafos a quem pedisse. “Imagina o que as pessoas iam pensar de Grande Otelo, se eu não desse os autógrafos”, dizia ele ao contar a história a seus amigos e parentes.

Outra marca de Seu Christiano era a de nunca beber água. Ele só tomava leite. De acordo com o sobrinho Didi, ele tomava cerca de cinco litros de leite por dia. “Ele era tão querido que as pessoas separavam a melhor vaca da roça, a que dava o leite mais gordo, para ele tomar”.

Entre tantas histórias, Seu Christiano deixou saudade e belas recordações de quem o conheceu e conviveu com ele. Do seu casamento com Thomázia Ferreira da Costa, Christiano Bezerra deixou uma filha, Maria Adelina, mas por vias travessas, teve outros filhos, o que não é segredo para ninguém.

Sempre forte e animado, esperava viver 100 anos. No entanto, Deus o chamou antes. Em 7 de junho de 1987, aos 78 anos, Seu Christiano se foi, mas deixou para todos nós o exemplo de bondade e de sabedoria. Parabéns Christiano da Costa Bezerra, agora imortalizado no salão de personalidades da cultura paracatuense. (Texto: Henrique Ulhoa)

Serviço:
Salão de Fotografias da Casa de Cultura
Homenagem a Christiano da Costa Bezerra
Quarta-feira, 19 de outubro, às 20h
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