Tema da tese de mestrado/doutorado da pesquisadora social Lara Franco é apresentado em palestra na Casa de Cultura de Paracatu.
A pedagoga paracatuense, Lara Franco, mestranda em educação na linha de políticas públicas educacionais para educação quilombola da UFU – Universidade Federal de Uberlândia, apresentou nesta sexta-feira, 12 de maio, na Casa de Cultura, a sua tese de mestrado/doutorado que busca entender como é ser negro em Paracatu.
A palestra que contou com a participação de representantes das comunidades quilombolas de Paracatu, educadores, universitários e autoridades da cidade, também foi uma oportunidade de apresentar o resultado do primeiro estágio de Vivência Quilombola dos alunos da UFU, realizado em 2016, na comunidade do São Domingos.
Cidade com 80% de sua população formada por negros e pardos, segundo dados do IBGE, Paracatu tem em seu DNA uma forte identidade cultural negra, no entanto, ao longo de sua história não houve tanta representatividade, principalmente em cargos de destaque do município. Mesmo assim, segundo Lara, os que se destacaram, inspiraram e inspiram bastante os mais novos, e esse reconhecimento é muito importante para o empoderamento dos negros na sociedade.
“Ser negro em Paracatu é resistir. Mesmo no silêncio, a gente resiste. Se a gente tem uma unha de oportunidade, a gente se agarra a ela e vai. Se a gente tem um pouquinho de representatividade, nós vamos atrás, nós lutamos, resistimos. Então ser negro em Paracatu é acima de tudo resistência”.
Lara Franco, que pesquisa a sociedade paracatuense como um todo, e principalmente a comunidade negra do São Domingos, desde a sua graduação em 2007, afirma que o preconceito para com o negro no município ainda é muito grande, entretanto ela observa que nos últimos anos houve uma evolução muito grande, especialmente dos jovens em se reconhecerem como negros.
“A gente já avançou muito, tivemos muitas iniciativas positivas que funcionaram em Paracatu. Os jovens de hoje têm mais acesso, têm mais vontade, têm menos medo, mais liberdade. E a expectativa é que a gente avance ainda mais”.
Pedagoga pela Unimontes, Lara Franco é pós-graduada em Línguas Estrangeiras e Psicopedagogia, especialista em Educação, professora de Políticas Sociais da Faculdade Alto Iguaçu – Campus Patos de Minas e coordenadora do primeiro estágio de Vivência Quilombola da UFU.
Abolição da escravatura
É celebrado neste sábado, 13 de maio, o dia da abolição da escravatura no Brasil. Em 1888, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, que abolia oficialmente a escravidão no país. Contudo, a data não é comemorada pelo movimento negro.
Para a pesquisadora Lara Franco, a data não é celebrada porque, na verdade, a abolição não aconteceu. “Nós não fomos abolidos, nós simplesmente fomos para as periferias das cidades, sem nada, sem nenhuma condição. Estamos tentando resgatar a nossa identidade, a nossa origem e até a nossa religiosidade, que também foi roubada”.
“Eu sou negra não só no dia da abolição, eu sou negra não só no dia da consciência negra. Eu sou negra 365 dias por ano” finaliza Lara Franco.
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